quarta-feira, 3 de junho de 2009

Segunda Revisão

Eis a revisão mais avançada do estudo até o momento.

Em relação à anterior, busquei estabelecer de forma mais clara a circulação interna e externa ao complexo educacional, separando a atividade escolar do passeio público.



As principais medidas foram a desvinculação da circulação entre a praça/pátio e a passarela, elevando esta ao nível das coberturas dos blocos mais baixos da praça superior. Com isso, na cota da rua superior tem-se uma marquise que demarca a entrada do conjunto. Esta mesma marquise segue em declive de encontro ao nível da rua que sobe, fechando , junto à escadaria lateral, o circuito do passeio público. O elevador de uso da escola foi colocado junto ao edifício do auditório/biblioteca, garantindo acesso mecânico a todos os níveis.


planta da praça superior


planta da praça inferior


planta do embasamento

A vegetação deve desempenhar um papel importante na união do conjunto. Permeando todo o conjunto através dos pátios e arrimos, jardins repletos de plantas devem dar o tom de aconchego pretendido, preservando os cidadãos-estudantes em seus momentos de descanso e lazer, ao mesmo tempo que borrar os limites do conjunto arquitetônico em meio ao ambiente de "parque" em que este se insere.











Avançando um pouco na questão da construção dos edifícios, fiz esta primeira aproximação no edifício da direção (o edifício da praça inferior). A estrutura estaria definida por duas treliças e duas lajes, com proteção lateral em chapa de metal expandida (ou chapas-brise) e fechamento interno em vidro.



sábado, 30 de maio de 2009

A sombra de um pavilhão

O texto a seguir, meu, foi retirado de uma sequência bem-humorada de e-mails entre amigos, relativa a essa catástrofe.
Sabe o que me deixa insano?
É um projeto (o dos outros países também)
que não contribui em nada em pesquisa alguma.
Uma exposição dessa era pra dizer:

"Nós, do Brasil, lidamos com
estes problemas - que não são exatamente
o seus - e esse é um dos modos de encararmos,
essa é a forma (arquitetura)".

Que tipo de arquitetura séria, hoje, pode ser "implantada"
(nem sei se aplica) de modo tão displicente?
Você não sabe onde o pavilhão fica em Xangai!
Não entende Xangai, e a coisa não faz entender.
Você não sabe o que o pavilhão oferece a Xangai.
(além, óbvio, da fantástica bola de futebol).
Você sabe que, para a arquitetura (tectônica), não oferece nada.

Eu vi uma palestra do Marcelo Ferraz ontem, na FAU...
Ele se colocou a respeito da nossa sociedade e da
nossa arquitetura de modo que não dá pra ser diferente
se é pra resolver.

Essa maluquice "decorativa" (mas que não é "de coração")
é o tom da arquitetura-droga (narcótico): tira a atenção,
desvia o olhar daquilo que precisa ser encarado e nos coloca
num estado de delírio e histeria onde as coisas encerram-se
em si mesmas e para si mesmas.
Em sua existência, a humanidade usa essa fórmula para não resolver coisa alguma.
Espero que nossa geração dê conta de confrontar essa insanidade.

domingo, 24 de maio de 2009

Revisão do Estudo 1

As imagens que seguem são de uma revisão do Estudo 01 feita a partir de maquete eletrônica. Busquei afinar a relação entre os volumes e a topografia.











quinta-feira, 14 de maio de 2009

Estudo 01

Aproximação ao Objeto

O trabalho de conclusão de curso - na FAU conhecido como TFG (Trabalho Final de Graduação) - nasceu de uma vontade de por em conflito a noção de lugar de aprendizado. Porque parece certo que este lugar é a família, a escola ou os debates públicos, mas, de fato, o que vemos hoje é a propaganda e o marketing em sua forma contemporaneamente consolidada - o branding -avançando nesse campo, dando-se ao "trabalho" de definir nossa formação de valores e opinão, inculcando a postura de grandes corporações como nossas próprias posturas.

Uma escola pública como objeto de trabalho tenta resgatar o diálogo da importância dessa entidade que representa a vontade de um povo, uma opção pelo progresso projetado, e que, no Brasil sabemos, tem sido cada vez mais abandonada como bem público e se tornado uma mercadoria de elite.

A escola como equipamento público de bairro deve ser apropriada pela população de modo abrangente, evitando sua auto destinação, contando com partes que possibilitem seu uso não apenas pelo corpo discente, mas pela comunidade local. Biblioteca, auditório, salas de aula, equipamentos esportivos, salões, devem funcionar de modo a permitir essa permutação. As áreas externas devem garantir que esses equipamentos se comuniquem com seu entorno, abrindo a escola para este.

Aproximação ao Lugar

O lugar físico de implantação do objeto tem importância na medida em que se elegem elementos que subsidiam a interface com a cidade: eixos de transporte coletivo, praças, parques e equipamentos públicos. Pode-se construir um tecido urbano eficiente por sinergia, evitando o desperdício.

Neste exercício foi escolhida uma área na cidade de Santo André, onde essas características se encontram. O lugar pode ser encontrado no Google Earth a partir das seguintes coordenadas:
Latitude: 23°40'9.91"S / Longitude: 46°32'1.11"O









Uma característica deste lugar é a grande diferença de nível entre a Avenida Pereira Barreto, onde passa a linha de trólebus, e a Rua Dr. Henrique Calderazzo, acesso ao Hospital Regional Mário Covas. A compreensão da dignidade e acessibilidade sugere a implantação de um equipamento que conjugue uma boa solução de deslocamento vertical e horizontal.

Primeiros Esboços



terça-feira, 5 de maio de 2009

Faca, só lâmina

Bobagens à parte...

Um dia desses, o Gabriel me mostrou um trabalho que faziam junto ao pessoal do Mackenzie, uma tipologia para um grupo do MST. Um trabalho, digamos, no hard: desenhar uma tipologia que não saísse por mais de R$ 10.000 (a construção). Muito difícil, se a resposta tivesse que ser dada dentro das nossas expectativas de boa habitação, e das expectativas dos "clientes" de suas futuras habitações, ainda mais considerando o estado de habitação em que se encontravam (barracos de madeira e telha de fibro-cimento).

Mas, talvez, pudéssemos deixar de lado essa idéia de mudar da água pro vinho. Talvez bastasse se contentar com água potável. É que no Brasil (será que quero dizer São Paulo?), hoje a arquitetura é vista como um luxo, quando, de fato, esse luxo vendido não tem nada de arquitetura. É água que precisamos, não vinho.

Esse pessoal precisa desse mínimo de dignidade, mas sonha com mais (qualquer ser humano o faz). E querer limitar um projeto de arquitetura a esse orçamento talvez seja mais um exemplo das bizarrices que nossa sociedade admite. Ao que me informaram, um banco estatal não poderia financiar parte do projeto, por algum motivo.

Nessa situação extrema, me ocorre que talvez seja admissível fazer essa construção mínima: só estrutura e equipamentos fundamentais (o tal do casco mínimo, que ensaiamos na hmp do bixiga): uma faca só lâmina - com todas suas inconveniências, mas também suas soluções.

Lembrando um excerto deste poema de João Cabral de Melo Neto:

UMA FACA SÓ LÂMINA
(ou: serventia das idéias fixas)

Assim como uma bala
enterrada no corpo,
fazendo mais espesso
um dos lados do morto;

assim como uma bala
do chumbo mais pesado,
no músculo de um homem
pesando-o mais de um lado;

qual bala que tivesse um vivo mecanismo,
bala que possuísse
um coração ativo

igual ao de um relógio
submerso em algum corpo,
ao de um relógio vivo
e também revoltoso,

relógio que tivesse
o gume de uma faca
e toda a impiedade
de lâmina azulada;

assim como uma faca
que sem bolso ou bainha
se transformasse em parte
de vossa anatomia;

qual uma faca íntima
ou faca de uso interno,
habitando num corpo
como o próprio esqueleto

de um homem que o tivesse,
e sempre, doloroso
de homem que se ferisse
contra seus próprios ossos.

A

Seja bala, relógio,
ou a lâmina colérica,
é contudo uma ausência
o que esse homem leva.

Mas o que não está
nele está como bala:
tem o ferro do chumbo,
mesma fibra compacta.

Isso que não está
nele é como um relógio
pulsando em sua gaiola,
sem fadiga, sem ócios.

Isso que não está
nele está como a ciosa
presença de uma faca,
de qualquer faca nova.

Por isso é que o melhor
dos símbolos usados
é a lâmina cruel
(melhor se de Pasmado):

porque nenhum indica
essa ausência tão ávida
como a imagem da faca
que só tivesse lâmina,

nenhum melhor indica
aquela ausência sôfrega
que a imagem de uma faca
reduzido à sua boca;

que a imagem de uma faca
entregue inteiramente
à fome pelas coisas
que nas facas se sente.

(Uma faca só lâmina / ou: serventia das idéias fixas/, 1955)

(retirado de http://www.academia.org.br)

Enfim, talvez pensar essa unidade: duas lajes. Um teto e um chão. A maioria dos sem-teto encontra isso em qualquer viaduto da cidade. Mas é inadmissível, ainda. Aceitar isso seria uma deformação. Esse estudo, porém, quer revisar a expectativa que criamos para a arquitetura. Afirmar que um habitat não deve se confundir com forro de gesso e fórmica imitando madeira na parede.





Revisão da "Bixiga"

Em meados de 2006 trabalhávamos (eu, Gabriel Fernandes e Wanderson Demétrius) num exercício de edifício habitacional para mercado popular (hmp). O trabalho original pode ser encontrado aqui.

Entretanto, passado esse tempo, acreditei, em função de outros estudos, que esta unidade (a planta da unidade, precisamente) merecia uma pequena revisão.

O conceito continua idêntico (o edifício continuaria o mesmo):
Uma estrutura com vãos de 7m, dentro da qual se ensaia uma unidade com 49m², baseada na disposição de um núcleo hidráulico rígido, e o restante livre.

O desenho apresentado é uma ocupação possível. A divisão da planta é permitida pela disposição de montantes (tubos de aço) ao longo da caixilharia da fachada sudeste, aos quais podem ser acoplados paredes secas (na sugestão, painéis wall - desculpem o "jabá", não ganho nada com isso...).

Enfim, esse é o resultado novo. Em linhas gerais, busquei assegurar que a circulação e passagens fossem, no mínimo, de 90cm, e aumentando também a medida interna das "cabines" de banho e bacia. A posição dos montantes ficou menos rígida em função da fachada e mais em acordo com a planta - admitindo que algumas questões de ordem produtiva, como a modulação dos caixilhos, deveriam estar submetidas às questões espaciais.


quarta-feira, 29 de abril de 2009

Espelhos Opostos

Esse outro dia tive essa coisa de me perguntar se dois espelhos opostos causam sensação de repetição infinita... Nem sempre.